FL Cast 04 - calculando o total de vazamentos de ar na sua empresa

Calculando vazamentos de ar na sua empresa

Considerações iniciais ou aproximações

Como estes cálculos serão feitos no campo e são apenas aproximados, não vamos levar em conta a diferença de vazão devido a altitude, umidade relativa e temperatura onde o compressor está operando.

Muitos manômetros veem com a escala em kgf/cm², podemos considerar, para estes cálculos, 1 bar = 1 kgf/cm².

Não vamos considerar nestas contas o volume de ar armazenado na rede pois na maioria dos casos é desprezível em relação ao volume do(s) reservatórios. Mas caso sua rede seja grande, pode adicionar o volume dela ao volume dos reservatórios.

Cálculos ou o que realmente interessa

Quando “retiramos” um volume de ar equivalente ao tamanho do(s) reservatório(s), reduzimos a pressão manométrica em aproximadamente em 1 barg. Por exemplo, num reservatório de 500 litros que está a 8 barg, quando “retiramos” 500 litros de ar no mesmo, o manômetro descerá para 7 barg, e assim por diante.

Para fazer este cálculo temos que trabalhar com um ΔP para a queda de pressão do reservatório de 1 barg. Utilizamos apenas 1 barg pois com a queda de pressão o consumo de ar gerado pelos vazamentos existentes também diminui. Outro motivo é que este ΔP é o mais comum em compressores de parafuso. Para os compressores de pistão, pode-se começar a contar o tempo assim que ele entra em “alívio” após atingir a pressão máxima.

Tendo isto em mente, fica fácil estimar o total de vazamentos em uma instalação. Para isso vamos utilizar a fórmula abaixo:

Q = V / T

Q – Total de vazamentos na rede (litros / segundo)

T – Tempo de duração para a pressão de reservatório diminuir 1 barg (segundos)

V – Volume do(s) reservatório(s) (litros)

Para facilitar o entendimento, vamos ver um exemplo.

Com os equipamentos que geram consumo de ar na empresa desligados e os registros abertos. A rede de ar este ligada a um reservatório de 500 litros e a um compressor que possui um ΔP de 1 barg, ou seja, entra em alívio com 8 barg e em carga com 7 barg. Fazendo a medição, notamos que o compressor fica 40 segundos em alívio até entrar em carga, ou seja, demora 40 segundos para que a pressão no reservatório “caia” de 8 barg para 7 barg (ΔP – 1 barg). Vamos estimar o consumo de ar gerado pelos vazamentos na empresa.

V = 500 l

T = 20 s

Q = 500 / 20 = 25 l / s = 52,95 pcm

Tá, e daí? O que isto significa pra mim?

Para gerar 4 pcm são consumidos aproximadamente 1 hp. No exemplo acima temos um consumo de aproximado de 13 hp somente para os vazamentos existentes na empresa. Se considerarmos um custo de 0,55 R$/kW e uma empresa que roda 8 horas por dia de segunda a sexta, temos um gasto de, aproximadamente:

R$ 5,33 / hora
R$ 42,65 / dia
R$ 853,08 / mês
R$ 10.236,97 / ano

Considerações finais

Vazamentos de ar comprimido em empresas são negligenciados constantemente. Resolver estes vazamentos, normalmente, são baratos em relação ao custo gerado.

Um plano de conscientização deve ser implantado na empresa para que todos entendam o alto custo da geração do ar comprimido e que saibam repostar os vazamentos que forem aparecendo.

Links para aprofundamentos e estudos

Tipos de pressão: pressão absoluta, pressão manométrica, pressão diferencial – https://www.wika.com.br/landingpage_differential_pressure_pt_br.WIKA

Lei dos gases ideal – https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_dos_gases_ideais

Um forte abraço e até o próximo artigo.

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Ciclo de refrigeração

Ciclo de refrigeração

Começaremos nossa série de artigos sobre climatização e refrigeração pelo ciclo de refrigeração. O entendimento de seu funcionamento é fundamental para o diagnóstico de problemas e maior entendimento dos demais componentes que são utilizados conectados ao circuito.

 

Todo ciclo de refrigeração possui 4 componentes básicos:

 

Compressor

O compressor é o “coração” de um sistema de refrigeração. Como o próprio nome diz ele comprime o fluido refrigerante e, também, tem a função de mover este fluido pelo circuito.

 

Condensador

Ele transforma o fluido que sai na forma de vapor quente do compressor em estado liquido através da diminuição de sua temperatura.

A diminuição da temperatura se dá pela remoção de calor do fluido para o meio no qual ele se encontra. Em um sistema de ar condicionado esta troca se dá com o ar ambiente (mais frio) que circula através do condensador com auxílio de um ventilador. Em outros sistemas a troca pode ser com a água num condensador do tipo casco-tubo ou de placas brasadas.

 

Dispositivo de expansão

Diminui bruscamente a pressão do fluido e com esta diminuição ele diminui abruptamente a temperatura do mesmo.

 

Evaporador

Ele transforma o fluido que sai do dispositivo de expansão na forma de líquido + vapor frio em vapor através da elevação de temperatura do mesmo.

A elevação de temperatura se dá pela absorção de calor do meio em que o fluido está circulando. Em um sistema de ar condicionado esta troca se dá com o ar ambiente (mais quente) que circula através do evaporador com auxílio de um ventilador. Já num equipamento chiller a troca se dá com a água num evaporador do tipo casco-tubo ou de placas brasadas.

 

Falaremos sobre cada um deles de forma mais detalhada em outros artigos.

 

Interligando estes 4 componentes temos as linhas do ciclo de refrigeração:

 

Linha de descarga (compressor -> condensador)

Nesta linha o fluido encontra-se em alta pressão e na forma de vapor superaquecido.

 

Linha de líquido (condensador -> dispositivo de expansão)

Nesta linha o fluido encontra-se em alta pressão e na forma de líquido subresfriado.

 

Linha de expansão (dispositivo de expansão -> evaporador)

Nesta linha o fluido encontra-se em baixa pressão e na forma de líquido + vapor (saturado).

 

Linha de descarga (evaporador -> compressor)

Nesta linha o fluido encontra-se em baixa pressão e na forma de vapor (superaquecido).

 

Não se preocupe com os termos superaquecido, subresfriado e saturado. Iremos ver estes termos num outro artigo.

 

Note também que temos “dois lados” neste ciclo de refrigeração, um lado de alta pressão que vai do compressor até o dispositivo de expansão e um lado de baixa pressão que vai do dispositivo de expansão até o compressor.

 

O importante é você conhecer o ciclo de refrigeração, os termos utilizados para seus componentes básicos e linhas. Reveja o ciclo e tenha ele decorado em sua mente. Como dito no início, ter em mente qual a função dos componentes básicos do ciclo e o estado em que o fluido deve se encontrar em cada uma das linhas do circuito é o fundamental para diagnóstico de problemas e entendimento de todos os demais componentes que são ligados ao ciclo.

 

Um forte abraço e até o próximo artigo.

 

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Calculando a vazão de um compressor de ar

Calculando a vazão de um compressor de ar

 

Definições

Tipos de pressão existentes:

Pressão absoluta
A referência de pressão mais clara é a pressão zero, existente no espaço sem ar do universo. Uma pressão que esteja relacionada com essa referência de pressão é conhecida como pressão absoluta. Para a diferenciação requerida de outros tipos de pressão, ela é indicada com a sigla “abs”, que deriva do latim “absolutus” significando separado, independente.

Pressão atmosférica
A pressão mais importante para a vida na Terra é provavelmente a pressão atmosférica, pamb (amb = ambiens = ambiente). Ela é criada com o peso da atmosfera que cerca a Terra com uma altura de aproximadamente 500 km. Até essa altitude, onde a pressão absoluta é pabs = zero, sua magnitude diminui continuamente. Além do mais, a pressão atmosférica é sujeita a flutuações dependentes do clima que é bem conhecida através da previsão do tempo diária. Ao nível do mar, pamb fica na média de 1.013,25 hectopascal (hpa), correspondente a 1.013,25 milibar (mbar). Com ciclones e anticiclones, essa pressão varia em torno de 5%.

Pressão diferencial
A diferença entre duas pressões, p1 e p2, é conhecida como pressão diferencial, Δp = p1 – p2. Nos casos onde a diferença entre duas pressões representa sozinha a variação medida, chamamos de pressão diferencial, p1,2.

Sobrepressão (pressão manométrica)
A pressão medida mais frequentemente no campo tecnológico é a pressão atmosférica diferencial, Pe (e = excedens = excessivo). Trata-se da diferença entre uma pressão absoluta, pabs e a pressão atmosférica relevante (absoluta) (pe = pabs – pamb) e é conhecida, em resumo, como sobrepressão ou pressão manométrica (pressão relativa).

Uma sobrepressão positiva significa que a pressão absoluta é maior do que a pressão atmosférica. No caso oposto, estamos falando de sobrepressão negativa.

Considerações iniciais ou aproximações
Como estes cálculos serão feitos no campo e são apenas aproximados, não vamos levar em conta a diferença de vazão devido a altitude, umidade relativa e temperatura onde o compressor está operando.

Muitos manômetros veem com a escala em kgf/cm², podemos considerar, para estes cálculos, 1 bar = 1 kgf/cm².

Cálculos ou o que realmente interessa
Como visto anteriormente, os manômetros que estamos acostumados a trabalhar nos mostram a sobrepressão, ou seja, a diferença de pressão de um sistema onde se encontra conectado o manômetro, um reservatório por exemplo, e a pressão atmosférica.

Quando o manômetro de um reservatório indica 0 barg (o g vem de gauge, manômetro em inglês), isto significa que o mesmo contém ar, mas sua pressão interna é a mesma da atmosfera.

Quando “adicionamos” um volume de ar equivalente ao tamanho do reservatório, elevamos a pressão manométrica em aproximadamente em 1 barg. Por exemplo, num reservatório de 500 litros que esta a 0 barg, quando “adicionamos” 500 litros de ar no mesmo, o manômetro subirá para 1 barg, e assim por diante.

Tendo isto em mente, fica fácil estimar o tempo de enchimento do reservatório quando sabemos a vazão do compressor ou a vazão do compressor quando medimos o tempo de enchimento do reservatório.

Vamos utilizar as fórmulas abaixo:

∆P=P2-P1

ΔP – Diferencial de pressão (barg)
P1 – Pressão inicial (barg)
P2 – Pressão final (barg)

Q=(V ×∆P)/T
T=(V ×∆P)/Q

Q – Vazão efetiva do compressor de ar (litros / segundo)
T – Tempo de duração para o reservatório atingir o ΔP (segundos)
V – Volume do reservatório (litros)

Para facilitar o entendimento, vamos ver dois exemplos.

  1. Cálculo de tempo de enchimento de um reservatório

Um sistema com um compressor de ar de 15 hp, 56 pcm de vazão, ligado a um reservatório de 500 litros. Vamos estimar o tempo para que o reservatório vá de 0 barg a 7 barg.

P2 = 7 barg
P1 = 0 barg
ΔP = 7 barg
Q = 56 pcm ≈ 26,43 l/s
V = 500 l

T = (500 ×7)/26,43 ≅ 132 seg

Ou seja, se tudo estiver certo com o compressor de ar, o mesmo irá demorar aproximadamente dois minutos e 12 segundos para encher o reservatório de 0 barg a 7 barg.

2. Cálculo da vazão do compressor

Um compressor de ar ligado a um reservatório de 1.000 litros demorou 3 minutos e meio para encher o reservatório de 0 barg a 10 barg. Vamos estimar a vazão deste compressor.

P2 = 10 barg
P1 = 0 barg
ΔP = 10 barg
V = 1.000 l
T = 3 min e 30 seg = 210 s

Q=(1.000 ×10)/210≅41,62 l/s≅88 pcm

Considerações finais
Em diversas situações estes cálculos são úteis para os técnicos que estão no campo. Podemos nos certificar, sem abrir nenhum componente do compressor, que o mesmo está trabalhando corretamente.

O desempenho do compressor é uma reclamação recorrente de clientes, mas na maioria dos casos o problema encontra-se na utilização do ar comprimido, seja devido a um aumento de consumo, de vazamentos ou problemas de queda de pressão na rede.

Com base nos princípios apresentados aqui, vamos falar sobre como calcular o consumo de ar causado por vazamentos em uma rede de ar e como calcular o consumo de pistões de acionamento pneumático.

Links para aprofundamentos e estudos
Tipos de pressão: pressão absoluta, pressão manométrica, pressão diferencial
Lei dos gases ideal

 

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A ferramenta certa para o trabalho

A ferramenta certa para o trabalho

Alguns modelos de unidades compressoras vêm com uma porca de fixação (figura 1) na descarga da unidade compressora. Esta porca além de fixar o rolamento serve também para ajuste da folga dos rotores, mas não é sobre isto que venho tratar neste artigo.

Quando vamos trabalhar com este tipo de porca, normalmente, utilizamos uma ferramenta chamada chave de gancho (figura 2), mas na maioria das unidades compressores esta porca encontra-se numa posição que esta chave não consegue entrar. Nestes casos podemos utilizar dois tipos de ferramentas a primeira é a chave de garra, também conhecida como chave para porca de fixação (figura 3) ou um soquete de porca de fixação (figura 4).

 

Estou abordando este tipo de erro pois já recebemos duas unidades compressoras (figura 5) com ruído que haviam sido revisadas há menos de 3000 horas. Constatamos que tinham retirado/montado a porca de fixação com uma ferramenta incorreta, um punção e/ou outro tipo de ferramenta. Isso causa desbalanceamento da unidade compressora, que se acentua em altas rotações, diminuindo a vida útil do rolamento e, em alguns casos, pode danificar os rotores e/ou a carcaça da unidade compressora. Também fica prejudicado o ajuste da folga, já que não há controle preciso na fixação da porca.

Unidade compressora com porca de fixação danificada
5. Unidade compressora com porca de fixação danificada

A utilização de uma ferramenta incorreta também traz outros prejuízos ao operador/cliente, dentre eles:

[checklist type=”eg. checked, dotted, arrowed” margin_bottom=”no”]

  • Riscos para a segurança do operador
  • Maior tempo para execução do serviço
  • Diminuição da vida útil da ferramenta
  • Serviço mal executado
  • Má impressão ao cliente

[/checklist]

 

Lembrando que no campo, muitas vezes, não temos todas as ferramentas disponíveis para execução do serviço e acabamos improvisando. Por exemplo, quando não temos a chave fixa do tamanho correto para soltar uma mangueira e acabamos utilizando um grifo para o serviço, causando pequenos danos à conexão da mangueira, mas não ao funcionamento da mesma e do equipamento. Além da questão estética, neste caso, não vejo problema na improvisação da ferramenta, desde que não se comprometa a saúde do operador e o funcionamento correto do equipamento.

Outro ponto importante é o uso correto da ferramenta. É muito comum o operador estar com a ferramenta certa, mas utilizando de forma incorreta ou ineficiente, mas isso fica para outros artigos.

Elgi Oil Free

Qual é o seu plano de backup de ar comprimido?

Agora, seu compressor de ar pode estar funcionando muito bem, como tem sido há vários anos, mas um dia ele irá parar. Vale a pena ter um plano de backup para que sua fábrica possa funcionar sem problemas e interrupções.

Me causa preocupação sempre que visito fábricas que operam no limite dos equipamentos. Equipamentos, não apenas o compressor, tendem a apresentar mais falhas conforme maior uso. Muitas vezes, no início da montagem da fábrica equipamento(s) reserva(s) tenha(m) ficado fora do orçamento, mas passado este período, é melhor se planejar tendo, sempre, em vista o pior cenário possível.

Algumas perguntas que recomendo durante o planejamento de um equipamento reserva:

[checklist type=”eg. checked, dotted, arrowed” margin_bottom=”no”]

  • Este equipamento é de vital importância para minha empresa funcionar?
  • Se o equipamento apresentar uma falha grave, qual o maior tempo para conserto do mesmo? Tenho que esperar peças importadas?
  • Qual o valor de aquisição e prazo de um equipamento novo caso o meu venha a ficar permanentemente inutilizado?
  • Consigo alugar outro enquanto aguardo o conserto? Qual o valor do aluguel de um similar?
  • Quanto irá me custar por hora caso o equipamento apresente defeito?

[/checklist]

No caso de compressores, em muitas empresas e falha do mesmo pode representar perdas expressivas em diversas áreas da empresa. Ter como plano o aluguel de um equipamento pode ser muito arriscado caso não encontre um modelo similar disponível. E, como quase em todos os equipamentos existentes hoje, peças importadas são um problema caso sejam necessárias para o conserto.

Por isso recomendamos a aquisição de um compressor reserva. O compressor reserva não precisa ser necessariamente um compressor novo, pode ser um compressor mais velho, reformado, mas confiável o suficiente para não parar sua produção.

O compressor de ar não é o único equipamento que deve ser levado em consideração na hora do planejamento. Em alguns casos o tratamento do ar é vital para a produção, portanto deve-se levar em consideração, no planejamento, secadores, filtros, etc.

Caso a opção seja pela compra de um equipamento novo, certifique-se de ter em conta a eficiência do sistema. A maioria dos equipamentos do sistema de ar comprimido foram redesenhados para serem mais eficientes que os equipamentos antigos e você economizará custos operacionais.

Infelizmente, a paralisação da produção por falta de um equipamento reserva é muito comum no Brasil. Sempre recebemos ligações de clientes desesperados pedindo uma solução rápida pois tem prazos de entrega apertados. Por isso o planejamento é vital para a redução de perdas e melhoria da imagem da empresa frente aos seus clientes. Pense nisso.

Materiais para rede de ar comprimido - Acço galvanizado / PPR / Alumínio

Materiais para rede de ar comprimido – Aço Galvanizado / PPR / Alumínio

Neste episódio comentamos sobre materiais para rede de ar comprimido.

Abordamos os materiais existentes no mercado nacional, seus custos, facilidade de instalação, qualidade do ar comprimido e custo de manutenção.

Este episódio foi ao ar pelo extinto manutencast. A partir deste ano vamos soltar os episódios com um novo nome, AirCast, mas com a mesma temática.

Aguardamos suasm sugestões, elogios ou reclamações!